domingo, 8 de maio de 2016

"Para século 21, o importante é 'aprender a aprender' ". O conceito de autodidatismo. Novos métodos de ensino. Críticas ao Ensino Médio atual

 Valquíria Barros.  Colhendo algodão na fazenda 
Pintura Naif (autodidatismo)   

“À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de  um mundo complexo e constantemente  agitado e, ao mesmo  tempo,  a bússola que permite navegar através dele.”
      Jacques Delors

Este post me foi inspirado pela publicação de Thiago Varella, colaborador do UOL Educação em Campinas (SP), publicada em 23 de abril, sob o título:  Para o século 21, o importante é 'aprender a aprender'.    

Achei muito importante a matéria, não só para nós professores, como também para estudantes,  pais e o público em geral, vez que aprendemos  por toda a vida.  A matéria me fez refletir ainda, sobre a Teoria das Múltiplas Inteligências, que abordo no seguinte post:  

Howard Gardner e sua Teoria das Inteligências Múltiplas. 9 tipos de inteligência que a escola deve valorizar. O que é o TESTE de QI ?


Impressionou-me na matéria, a abordagem do autodidatismo, que nos remete ao  relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, da UNESCO, presidida pelo francês Jacques Delors, de  1992  a 1996, que aponta os Quatro Pilares da Educação, registrados no livro " Educação, um Tesouro a descobrir", por ele coordenado. 
Com base na visão daqueles quatro pilares do conhecimento, os processos educativos  de ensino- aprendizagem voltados apenas para adquirir conhecimento, objeto prioritário da escola, deverão  dar lugar a propósitos mais permanentes,como ensinar os educandos a pensar, comunicar-se,  pesquisar, ter raciocínio lógico, sintetizar, fazer elaborações teóricas, ser independentes, autônomos, aprender a viver e conviver. Vejamos:

1-  Aprender a conhecer
Valoriza a curiosidade, a autonomia e a atenção permanentes. 

2-  Aprender a fazer
A  rápida evolução das profissões pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego, a trabalhar em equipe, desenvolvendo o espírito cooperativo e de humildade, tão   necessários ao trabalho coletivo.

3- Aprender a conviver
No mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado. Valoriza-se quem aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, ter prazer no esforço comum.
4- Aprender a ser 
 aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. Com o  ritmo acelerado  da sociedade atual, gerando mudanças rápidas provocadas pelas  novas tecnologias, e a competição por lugares de destaques,   nos obrigam a constantes  adaptações  aos  novos contextos sociais. Portanto, impõe-se pensar a educação  para a vida e ao longo  de toda a vida.

O  autodidatismo 
'Aprender a aprender' é Autodidatismo, ou seja, o ato de estudar e adquirir instrução por si mesmo, dispensando a orientação de professores. Segundo o site significados, a palavra autodidata é adjetivo e substantivo de dois gêneros, utilizada  para designar uma pessoa que tem a capacidade de aprender algo por conta própria, sem o auxílio de um professor. Alguém que aprende alguma coisa sozinho: um instrumento musical, um idioma etc.   
Exemplo: Ela é autodidata em inglês e piano.

A REPORTAGEM 
Vamos agora ao teor da reportagem de Thiago Varella, que fiz uma arrumação didática, para facilitar a  compreensão do nosso público.   Acompanhe !

" Para enfrentar os desafios do século 21 não basta frequentar as aulas e decorar conteúdo. É preciso mais. Uma das habilidades necessárias é a de aprender a aprender. Ou seja, de maneira autônoma, o estudante precisa saber não só o que, mas também
precisa saber como estudar" . 

"Trata-se de desenvolver capacidades para você aprender com disciplina, foco, precisão. E isso pressupõe criatividade, responsabilidade e concentração", explica o professor Sergio Ferreira do Amaral, da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para quem aprender a aprender está muito próximo do conceito de autodidatismo.

Simone André, gerente-executiva de Educação do Instituto Ayrton Senna, tem um conceito parecido. Para ela, aprender a aprender é "a autonomia do estudante em gerir sua própria aprendizagem."

Ou seja, não basta mais para um estudante ficar sentado na sala de aula, recebendo um amontado de conteúdo e sentir que o trabalho todo está feito ao, simplesmente, estudar para uma prova.  Segundo os especialistas, o aluno precisa assumir um papel de protagonista nos seus estudos e aprender como estudar aquilo que é de seu interesse.

"É necessário dar ao aluno a escolha do seu caminho. E isso, claro, passa por dar a metodologia de avaliação, ou seja, a prova, levando em consideração o que o aluno quer aprender", afirmou Amaral.

Mudanças no ensino tradicional

Mas, se o estudante precisa ser protagonista, desenvolver habilidades de estudo e ter autonomia, como fazer tudo isso dentro de um sistema que continua antigo? 

Não é tarefa fácil. Para os especialistas, mais do que orientar um aluno a como estudar, ou um professor a como estimular esse aluno, é preciso mudar o sistema. Para Simone, o ensino médio ainda está pouco conectado à realidade.

" Desenvolver habilidades e competências dentro do ensino como ele é hoje é como jogar futebol dentro de um elevador. No máximo, dá para fazer embaixadinhas, mas é impossível jogar bola", diz Simone André, gerente-executiva de Educação do Instituto Ayrton Senna

O professor Sergio Ferreira do Amaral também faz inúmeras críticas ao ensino médio atual. Segundo ele, atualmente, o aluno se depara com um conteúdo pré-estabelecido e faz um estudo de memorização.

"Hoje, a escola tem um conteúdo programático fechado, uma grade curricular pré-estabelecida e um caminho pré-traçado. Só que o aluno não pode ir à escola para passar no vestibular. O vestibular é só um processo de avaliação. Isso é um grande problema", afirmou.
Mas, mesmo com métodos convencionais, com aulas tradicionais, expositivas, dentro de sala de aula, o professor tem um papel fundamental de estimular os alunos a aprender a estudar.

Novos Métodos de Ensino 
Segundo Simone André existem algumas metodologias que ajudam o professor a trabalhar com um tipo de ensino mais voltado aos estudantes e suas expectativas. Uma delas é a problematização.

O professor pode trabalhar em sala de aula muito mais por meio de perguntas do que por respostas. São essas perguntas que induzem o aluno ao pensamento e à construção do conhecimento na sala de aula", diz Simone André.

Outra metodologia é o trabalho colaborativo. Ao apresentar temas mais complexos do que os habituais, o professor pode orientar os estudantes a trabalharem em times. Com isso, os alunos conseguem perceber que mesmo problemas grandes e complicados podem ser resolvidos.

Uma terceira metodologia é a da posição do professor em relação ao aluno. Sem perder o nível de exigência com os estudantes, o professor precisa adotar uma postura de aproximação e construir com cada um uma relação de autonomia.

"A presença pedagógica do professor em aula é de exigência e de acolhimento", diz Simone. Uma metodologia que estimula o aprender a estudar é a educação por projetos. 

O principal é que o estudante aprenda a construir coisas e resolver problemas. E, finalmente,  segundo Simone, é fundamental formar leitores e produtores de texto.

E o aluno faz o quê?
Mas, e o estudante? Não há nada que ele possa fazer para aprender a estudar e para assumir um papel de protagonismo na sala de aula? Claro que há. Não é por acaso que os campeões dos vestibulares adotam diversas estratégias e métodos de estudo que vão além da sala de aula.

Ler um jornal diário e livros que não estão na lista dos vestibulares ou visitar museus e mostras de arte também são estratégias de estudo. O problema é que muito disso não é estimulado em sala de aula.

"São poucos os estudantes que têm isso como um aprendizado autodidata. Você tem uma grande parte de estudantes que precisa que a escola desenvolva essas referências. Os bons estudantes utilizaram esse tipo de metodologia por conta própria", afirma Simone.


"Esses estudantes que vão muito bem no vestibular percebem a educação como algo mais amplo. Por conta própria, acabam incorporando uma obrigatoriedade ou uma disciplina de desenvolver atividades relevantes fora da sala de aula", afirma Amaral.

Na sala de aula
No dia-a-dia da sala de aula, o professor acaba se deparando com um desafio ainda maior. Edison Lins é professor da rede estadual de ensino em Campinas e sempre buscou ir além do currículo básico com seus alunos.

Visitas a grandes universidades ou a museus na cidade de São Paulo fazem parte do estímulo que o professor vê como fundamental a seus alunos. Não por acaso, neste ano, um aluno seu de uma escola pública de Campinas passou no vestibular de medicina na Unicamp aos 16 anos de idade.

Para Lins, o aluno não percebe automaticamente que é possível buscar por conta própria novos conhecimentos. "O estudante precisa ser levado a ter interesse e motivação e perceber que é possível aprender a aprender, ou seja buscar novos conhecimentos, aquilo que não sabia e compreender melhor o que já sabia por experiência", afirmou.

Aprender a aprender, também é apreender, perceber, captar. Isso nunca será dado plenamente pelo professor, o aluno tem de assumir parte ativa no processo que só se realiza com a interação das várias partes envolvidas",diz o professor da rede estadual de SP." 

Fonte: Varella, Thiago. Colaboração para o UOL, em Campinas (SP).  Para século 21, o importante é 'aprender a aprender'. 23/04/2016. Disponível em: 
http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/04/23/para-seculo-21-o-importante-e-aprender-a-aprender.htm
Amplie seus conhecimentos. Clique no link abaixo: 


Howard Gardner e sua Teoria das Inteligências Múltiplas. 9 tipos de inteligência que a escola deve valorizar. O que é o TESTE de QI ?

O Livro em PDF para você ler online ou baixar e imprimir:
EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI
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