Os negros trazidos
para o Brasil não aceitavam passivamente a escravidão e as condições impostas pelo cativeiro, a exemplo da
desgastante rotina de trabalho nos
engenhos de cana-de-açúcar. Os escravos articulavam meios de resistir e se colocavam contra seu opressor imediato - os Senhores de Engenho, numa batalha que durou mais de quatro séculos. Sempre que podiam, reagiam
com revoltas, não executavam bem os trabalhos, faziam boicotes, cometiam atos
de vingança, fugiam. Por isso, os
grandes proprietários tinham seus caçadores de negros, chamados capitães-do-mato. Homens e mulheres se destacaram tanto no Brasil como na África. Conheça algumas dessas mulheres, através das quais rendemos nossas homenagens a todos os afrodescendentes da Diáspora Africana na América e no mundo:
A Rainha Ginga
Seu nome original era Nzinga Mbandi Ngola, mas
ficou conhecida como Rainha Ginga. Os
portugueses chamavam-na de D. Ana de Souza. Pertencia ao grupo étnico Mbundu e filha dos reis mbundus no território Ndongo. Era a soberana do povo do reino de Matamba e
Ndongono, que se estabeleceu no sudoeste da África no século XVII.
Viveu no período do tráfico negreiro e lutou contra os portugueses, reunindo vários
povos para resistir contra a escravização dos povos dessas tribos na África. Seu título real na língua quimbundo Ngola foi
usado pelos portugueses para denominar a região que passou a ser chamada Angola.
A Rainha Ginga conseguiu fazer tratados com os
portugueses para que seu povo não fosse escravizado e transportado para a América. Para tanto, aceitou converter-se ao
catolicismo, recebendo o nome de Dona Ana
de Sousa. Guerreou e ganhou respeito por liderar pessoalmente suas tropas onde
preferia ser chamada de Rei, ao invés de Rainha.
Africana com seu bebê |
Viveu em paz por duas décadas,
mas foi traída pelo povo Jaga. “Jagas”
foi o nome que os Portugueses deram, no final do Sec. XVI e durante o sec.
XVII, a grupos de nativos africanos, predominantemente nômadas, que se caracterizavam
por não trabalhar, dedicando-se à rapina e à violência sobre as populações.
Cultura angolana hoje |
A rainha Ginga fez aliança com os holandeses, que invadiram Luanda, a capital de Angola. Após várias batalhas, em 1659, Dona Ana assinou um tratado de paz com Portugal. Ajudou a reinserir antigos escravos e formou uma economia que não dependia do tráfico de escravos, ao contrário de outras no continente africano. Foi contemporânea de Zumbi dos Palmares (1655-1695), heroi da resistência negra no Brasil Colônia. Nzinga morreu aos oitenta anos de idade, admirada e respeitada por Portugal.
Após sua
morte, sete mil soldados de seu reino foram trazidos para o Brasil e vendidos
como escravos. O nome da Rainha Ginga é citado em
vários folguedos da Festa de Reis dos negros do Rosário. Nesta manifestação que
acontece geralmente no Rio Grande do Norte, reis do congo católicos lutam
contra reis que não aceitam o cristianismo.
TERESA DE BENGUELA
Teresa de Benguela foi uma líder do
quilombo de Quariterê ou Quilombo do Piolho, em Guaporé, próximo a Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, Região Centro-Oeste do Brasil, perto da fronteira com a atual Bolívia, o qual sobreviveu até 1770 (século XVIII). Era mulher de
José Piolho, que chefiava o Quilombo.
Quando seu marido morreu, Teresa de Benguela assumiu o comando. Revela-se uma líder ainda mais implacável e obstinada. Valente e guerreira ela comandou uma comunidade de três mil pessoas. Uniu negros, brancos e indígenas para defender o território onde viviam. Liderou o desenvolvimento do quilombo, implantando o uso do ferro na agricultura. Sob seu comando o quilombo cresceu tanto que agregou índios bolivianos e brasileiros.
A rainha Teresa de Benguela chegou a ser comparada a Zumbi dos Palmares, um dos símbolos da resistência negra no Brasil. É considerada uma heroína por ter combatido a escravidão e a opressão. Foi presa e suicidou-se.
Em 1994, sua história virou samba enredo da Unidos do Viradouro, por obra do carnavalesco Joãozinho Trinta, sob o título: "Teresa de Benguela - Uma Rainha Negra no Pantanal". O dia 25 de julho, que comemorado o Dia da Mulher Negra, é também considerado o Dia de Teresa de Benguela.
Quando seu marido morreu, Teresa de Benguela assumiu o comando. Revela-se uma líder ainda mais implacável e obstinada. Valente e guerreira ela comandou uma comunidade de três mil pessoas. Uniu negros, brancos e indígenas para defender o território onde viviam. Liderou o desenvolvimento do quilombo, implantando o uso do ferro na agricultura. Sob seu comando o quilombo cresceu tanto que agregou índios bolivianos e brasileiros.
Mulher de tribo africana (2014). |
Em 1994, sua história virou samba enredo da Unidos do Viradouro, por obra do carnavalesco Joãozinho Trinta, sob o título: "Teresa de Benguela - Uma Rainha Negra no Pantanal". O dia 25 de julho, que comemorado o Dia da Mulher Negra, é também considerado o Dia de Teresa de Benguela.
Dandara |
DANDARA
Dandara, a guerreira do quilombo de Palmares, na Serra da Barriga em Alagoas, estado da Regiáo Nordeste do Brasil, mulher negra, viveu no século XVII, período do Brasil
Colônia. Dandara significa “a mais bela”.
Foi uma das lideranças femininas na luta contra o sistema escravocrata no século XVII. Era mulher de Zumbi e mãe de seus três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton.
Ajudou seu marido nas táticas e estratégias de guerra.
Ajudou seu marido nas táticas e estratégias de guerra.
Suicidou-se depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, para não
retornar à condição de escrava. Não existem dados sobre
sua vida e quase todos os relatos são lendas.
O QUE ERAM OS QUILOMBOS ?
Os quilombos eram espaços de resistência, habitados por milhares de negros, indígenas e brancos pobres. Estes habitantes eram denominados de quilombolas ou mocambeiros, surgidos no período colonial e pós-colonial no Brasil.
Nos quilombos os negros viviam livres, cultivavam
diversos produtos, como mandioca, milho, feijão, batata, criavam galinhas, porcos, fabricavam panelas, esteiras, redes e
faziam comércio com as povoações vizinhas.
Destacou-se o Quilombo de Palmares localizado na Serra da Barriga, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na região nordeste do Brasil. Tornou-se o maior centro de resistência negra no período colonial.
É o quilombo mais conhecido, sendo considerado um “estado africano no Brasil”, devido a sua grande área territorial, tendo alcançado, no seu auge, cerca de 50 mil pessoas, contando-se todos os mocambos ali situados.
A nação erguida por africanos de diferentes etnias, que viviam como escravos no Brasil, foi batizada por eles de Angola Janga, que significa "pequena Angola".
Seu líder mais conhecido é Zumbi dos Palmares, que morreu no dia 20 de novembro de 1695 (final do século XVII). Por isso, o dia da Consciência Negra é comemorado nessa data, com a finalidade de homenagear a todos os negros que lutaram bravamente contra a escravidão no Brasil.
Luísa Maheu ou Luísa Mahin pertencia à
tribo Mahi, povo habitante dos
atuais Benin, Togo, Gana e regiões vizinhas, praticantes
da religião islâmica ou muçulmana.
No Brasil ficaram conhecidos como malês,
que no Iorubá significa islâmico, termo que designava os negros
muçulmanos que sabiam ler e escrever em língua árabe, e muitas vezes mais instruídos que seus
senhores.
Luíza Mahin afirmava ter sido princesa na África. Sua
mãe trabalhava no comércio de Salvador como quitandeira, onde era
muito conhecida. Conforme texto autobiográfico do seu filho Luís Gama, Luíza
foi detida em várias ocasiões, por se envolver em planos de revoltas de
escravos.
Ela esteve envolvida na articulação de revoltas e levantes de
escravos, que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do
século XIX, como a Revolta dos Malês (1835, século XIX) e a Sabinada (1837), quando foi
deportada para o Rio de Janeiro, onde desapareceu.
A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu em Salvador, capital da Bahia, Região Nordeste do Brasil, entre os dias 25
e 27 de janeiro de 1835, quando cerca de 1500 negros malês, saíram do bairro da
Vitória em Salvador, indo até Água de Meninos, na Cidade Baixa, liderados por Manuel Calafate,
Aprígio, Pai Inácio e outros.
Eles pretendiam acabar com:
a) a escravidão; b) o confisco
dos bens dos brancos e mulatos pelo governo português; c) a obrigatoriedade de praticar
a religião católica;
d) implantar uma República Islâmica na Bahia.
Não tiveram sucesso, e a Revolta acabou com o castigo de seus líderes, entre eles Luiza Mahin.
Amplie seus conhecimentos. Veja também:
Consciência Negra. Livro Zumbi O Pequeno Guerreiro. Conheça a História do Casal da Resistência Negra: Zumbi e Sua Mulher Dandara dos Palmares
Referências (sites pesquisados)
SANTOS, Ester Antonieta. Rainha Ginga: símbolo de resistência da mulher negra.
Instituto Bambarê. Disponível em:
http://www.bambare.com.br/oficial/index.php/pagina-b/107-rainha-ginga-simbolo-de-resistencia-da-mulher-negra
Ginga, Rainha
de Angola. Esquina do
Tempo. Magazine Cultural Online. Disponível em:
http://brito-semedo.blogs.sapo.cv/70337.html
http://www.etudogentemorta.com/2010/11/por-terras-da-rainha-ginga/
Tereza de Benguela
http://africabrasilidentidades.blogspot.com.br/2014/06/tereza-de-benguela-e-as-candaces.html
Damas negras
http://www.etudogentemorta.com/2010/11/por-terras-da-rainha-ginga/
Tereza de Benguela
http://africabrasilidentidades.blogspot.com.br/2014/06/tereza-de-benguela-e-as-candaces.html
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Os Jagas de Angola