terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Biografia do Autor. Análise e Interpretação do Poema. Atividades

Rio Capibaribe, que corta a cidade do Recife 
     Morte e Vida Severina 
(Auto de Natal Pernambucano)

Este poema-peça-teatral, o texto mais popular de João Cabral de Melo Neto, é um auto de natal do folclore pernambucano e, também, da tradição ibérica. Foi escrito entre 1954-55, publicado em 1956 e encenado a partir de 1958, com grande sucesso de público e de crítica, tendo sido levado ao cinema com igual repercussão.   
Seu conteúdo crítico- social chamou a atenção do compositor  brasileiro Chico Buarque de Hollanda, que musicou  uma de suas encenações. É um poema equilibrado, harmônico, seco, duro, direto, sem quaisquer concessões a soluções simplistas e/ou emocionaisSeguindo a tradição medieval, tão presente no Nordeste, o poema é escrito predominantemente em versos *redondilhas maiores, com um vocabulário que vai do erudito ao regional sem prejuízos de interpretação.
Carnaval em Olinda.
Viva o frevo
 pernambucano !

Morte e Vida Severina foi composta a pedido da escritora e dramaturga brasileira, Maria Clara Machado, especialmente para o teatro. Naquela ocasião, Maria Clara  que dirigia o teatro Tablado, no Rio, pediu a João Cabral que escrevesse algo sobre retirantes nordestinos. O poeta escreveu, então, um grupo de poemas dramáticos, para "serem lidos em voz alta" e os dedicou a Rubem Braga e a Fernando Sabino, "que tiveram a ideia deste repertório".   
Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, aos versos de cinco ou sete sílabas — a chamada medida velha. Aos de cinco sílabas dá-se o nome de redondilha menor e aos de sete sílabas, de redondilha maior. A redondilha foi muito utilizada pelos poetas  Garcia de Resende e por Luis de  Camões.   Fonte: Wikipédia.
                                                 
Análise da obra: entenda o longo poema

O  poema começa com o  retirante Severino se apresentando   ao leitor, dizendo  quem é e a que vai. Ele  tenta se definir como filho de “Maria” e de “Zacarias”, já falecido. No entanto, a existência de tantas outras pessoas, na mesma condição dele, com o mesmo nome, dificulta a individualização do Severino. No texto a personagem “severino” representa um grupo social,  e se  constitui  em  símbolo do homem pobre do agreste pernambucano em busca de melhores condições de vida na cidade grande.  

No título identificamos a  mudança da ordem natural da existência humana: primeiro a morte e depois a vida. O autor, portanto,  antecipa o tipo de vida que pretende descrever: uma vida que coexiste diuturnamente com a morte. As duas mantêm tal simbiose que o adjetivo comum confere-lhes, a ambas, a qualidade de “severinas”, isto é, dura, severa, difícil, de extremado rigor em suas relações com o meio. 

O subtítulo Auto de Natal Pernambucano  tem inspiração nos autos pastoris medievais ibéricos, além de espelhar-se na cultura popular nordestina. O autor nos remete à tradição medieval ibérica em que a designação "auto" destinava-se a peças de teatro  tradicionais. Neste tipo de representação teatral, os assuntos  poderiam ser religiosos ou profanos, sérios ou cômicos. Eram comuns na literatura portuguesa e tiveram seu apogeu com o teatro vicentino, no alvorecer do século XVI.  Pela tradição, os autos  divertiam, moralizavam os costumes, e  simplificavam  as verdades da fé católica.

O Auto de Natal Morte e Vida Severina possui estrutura dramática. É uma peça de teatro. Severino, personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se à vida severina, à condição severina, dura,  severa,  à miséria.  O título da obra: Morte e Vida Severina  - Auto de Natal Pernambucano,  engloba a mensagem  que o  texto do poema pretende transmitir  para o leitor: retratar o cotidiano pobre e sofrido do sertanejo nordestino, e João Cabral de  Melo Neto o faz com muita maestria.

O que quer dizer a palavra Auto no poema: significa uma representação teatral,  geralmente de alguma passagem bíblica. Portanto, quando se diz Auto de Natal, refere-se à encenação do nascimento de Cristo. No caso de Auto da Compadecida, por exemplo, trata-se de representação envolvendo Nossa Senhora, que se compadece (solidariza)dos sofrimentos dos humanos. Daí o nome "Compadecida".  É por este motivo que, no poema, João Cabral usa preferencialmente o verso *heptassilábico, a chamada "medida velha", ou redondilho maior, verso sonoroso e facilmente obtido. 

Sua linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no título: "morte" e "vida". No primeiro, temos o trajeto do personagem-protagonista, para Recife, tentando escapar da opressão econômico-social. No segundo movimento, o da "vida", o autor não coloca a euforia da ressurreição, como ocorre nos autos tradicionais, ao contrário, o otimismo que aí ocorre é de confiança no homem, em sua capacidade de  enfrentar os desafios e resolver os problemas. Neste sentido, o poema  é marcado  pelo jogo de palavras entre o substantivo próprio Severino e o adjetivo qualificativo severina (o), caracterizando a vida e a morte presentes no sertão nordestino, secularmente castigado  pelo flagelo da seca, e por outro  aspecto social típico do Nordeste, a questão agrária, com seus extensos latifúndios. 

A peça-poema estruturalmente está dividida em 18 passos, e  cada um narra episódios  da longa jornada de um retirante, de nome  Severino de Maria — que foge da seca, em busca de melhores   dias   na cidade do Recife, no litoral pernambucano,  cortada pelas águas  do mar e dos Rios  Capibaribe e Beberibe, e suas famosas pontes. O retirante sai do sertão da Paraíba  rumo ao litoral, seguindo a trilha do Rio. Quando atinge o Recife, depois de encontrar muitas "mortes" pelo caminho, desencanta-se com o sonho da cidade grande e do mar. Resolve então "saltar fora da ponte e da vida", atirando-se no Capibaribe.   Enquanto se prepara para morrer e conversa com seu José, uma mulher anuncia que o filho deste "saltou para dentro da vida" (nasceu). Severino assiste ao auto de natal (encenação comemorativa do nascimento). Seu José, mestre carpina, tenta demover Severino da resolução de "saltar fora da ponte e da vida". 

Cada um dos 18 passos  do poema  forma as cenas de um auto natalino, com a descrição final do nascimento de uma criança, mas entremeados pela morte, que  se constitui no  liame entre uma cena e outra. Entretanto, outra divisão pode ser feita quanto à temática, a saber:  

a) da parte 1 a 9, compreende-se a viagem de Severino até o Recife, seguindo sempre o Rio Capibaribe, ou o "fio da vida",  que ele se dispõe a seguir, mesmo quando o rio lhe falta e dele só encontre a leve marca no chão crestado pelo sol; 
Solo castigado pelo Sol e
ausência de chuva.

b) da parte 10 a 18 -  o retirante  já está no Recife ou em seus arredores,  e sofridamente sabe que para ele não há nenhuma saída, a não ser aquela que presenciou no percurso: a morte. Severino assiste ao auto de natal (encenação comemorativa do nascimento).  

Neste post o poema não está completo. Trazemos um pequeno trecho, o suficiente para entendermos a ideia central da obra: retratar o cotidiano pobre e sofrido do sertanejo nordestino, e João Cabral de  Melo Neto, o faz com muita maestria. No link abaixo, você pode acessar o poema na sua íntegra:  http://www.releituras.com/joaocabral_morte.asp
*Verso heptassilábico- Verso de sete sílabas métricas,  também  chamado
 de redondilha maior e que se adapta aos versos para serem cantados.

Morte e Vida Severina (Auto de Natal Pernambucano)

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,                                        


Recife: o mar,
as pontes, os
 rios Capibaribe
e Beberibe.
Água em
abundância,
que  contrasta
com a seca
do  sertão.
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala                                
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras                                            
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,                          
a de querer arrancar

algum roçado da cinza. 
Autor: João Cabral de Melo Neto. Livro “João Cabral de Melo Neto, Obra Completa”, Editora Nova Aguilar,  1999.
Destacamos trechos do poema, para  melhor entendimento da obra: 
O  poema começa com o  retirante Severino se apresentando   ao leitor, dizendo  quem é e a que vai. Ele  tenta se definir como filho de “Maria” e de “Zacarias”, já falecido.  No entanto, a existência de tantas outras pessoas, na mesma condição dele, com o mesmo nome, dificulta a individualização do Severino. Vale dizer que a personagem “severino” representa um grupo social,  e se  constitui  em  símbolo do homem pobre do agreste pernambucano em busca de melhores condições de vida na cidade grande. Acompanhe:
— O meu nome é Severino,
Não tenho outro de pia.                                                
Neste trecho, Severino, o retirante,  se apresenta às pessoas e tenta  logo de início individualizar-se. Para tanto, usa referências pessoais, de sobrenomes, nomes e geografias. Mas é inútil, pois ele é apenas um igual a tantos outros Severinos e, deste modo, difícil é desidentificar-se de maneira a distanciar-se deles, os seus iguais em sofrimento, dor, ocupantes do mesmo espaço geográfico de seca, fome, miséria e ignorância.

No 2o.  verso -  “não tenho outro de pia” -  esta  palavra indica a pia batismal,  e marca a religiosidade que está presente em todo o poema; expressa o compromisso do autor de demonstrar que o retirante é, em sua essência, bom e humilde, moralmente inclinado para o bem.

A partir do 31o verso, no entanto, sua fala deixa de ser individualizada. Ao observar que "somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida: mesma cabeça grande, que a custo se equilibra..." o retirante funde sua saga à saga dos outros nordestinos, junta-se a eles no destino da retirada, da busca de saídas e sonhos. E, corajosamente se anuncia:
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história da minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra. 
A referência à  debilidade física do homem do interior pernambucano (“pernas finas”, “ventre crescido”, “sangue com pouca tinta”) é resultante da fome e das doenças, mas  apesar de tantas adversidades, Severino é alegre e otimista.

Em outros  versos  do poema,  o tom de lamentação de Severino contrasta com sua euforia quando chega ao Recife e se vê diante da possibilidade de trabalho e boa remuneração, expressando  uma crítica  do autor ao sistema econômico brasileiro,  que prioriza investimentos nas  grandes cidades,  enquanto  deixa as pequenas,    a zona rural e seus habitantes em segundo plano. Descubra outros pontos importantes no poema.

Biografia do Autor

Poeta e diplomata brasileiro, João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco (PE), na Região Nordeste do Brasil, no dia 09 de janeiro de 1920, e morreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1999.  Inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Sua obra é caracterizada pelo rigor estético e pelo uso de rimas toantes.  Divide com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira o título de maior poeta brasileiro pós-1940.  Principais prêmios:  Neustadt International Prize for LiteratureFilmeMorte e vida Severina
Sugestões de estratégias para trabalhar o poema em sala de aula

Sugerimos que no primeiro momento de apresentação do poema aos alunos, o professor  faça a  exibição da  Música MorteE Vida Severina, de Chico Buarque.

No segundo momento,  os  alunos fazem a leitura silenciosa do poema;  no terceiro  momento,   faz-se  uma discussão em sala de aula, ressaltando o que há de mais importante na estrutura da obra: a linguagem e a mensagem de caráter social e dramática que  o poema transmite, denunciando  o sofrimento  e a desesperança do  homem sertanejo.
celebração de Auto de Natal no Nordeste 

No momento da discussão, debater com a classe qual é a  ideia  central  da  obra, a qual  aparece  no   próprio  título do poema “Morte e Vida Severina”, que   inverte a ordem cronológica das fases  da existência humana, colocando a morte em primeiro plano. A explicação está no fato da personagem “severino” se deparar constantemente com a morte, acontecimento corriqueiro no sertão nordestino, onde a terra é seca e não oferece condições de vida digna. Para finalizar  sugerimos a apresentação do  Musical Morte e Vida Severina - completo,com  duração de 53 minutos. 

Auto de Natal
Atividades 
Em Morte e Vida Severina, a palavra "severino(a)" apresenta-se como substantivo próprio, substantivo comum e como  adjetivo. Tal fato ocorre porque, nessa obra, a palavra "severino(a)"...
a) designa  aquele  que fala, ou seja, o protagonista do  auto. Portanto, é um substantivo.......  ............   ;          
b) designa  também  os retirantes, que, como ele, foram escorraçados do sertão pela seca  da terra e pelo latifúndio. O termo é  um substantivo...... ....   c) o termo qualifica a existência como realidade dura, áspera.  Portanto, é um .....................
2. Veja o vídeo com a música Asa Branca, de Luis Gonzaga. Preste atenção na letra. Em seguida, analise as afirmativas abaixo, e responda  SIM ou NÃO.  Comente.
A fuga do sertão  em busca de vida digna no litoral pode  não ser  uma solução para o  retirante, porquê:
a)   na cidade grande encontrará sempre a mesma morte severina.  
b)  na cidade grande, quando não encontra uma morte severina, tem que levar uma vida severina, vivendo nas favelas, sujeito às drogas e à violência urbana;
c) na zona da mata, apesar das  condições climáticas mais  favoráveis, a situação  não é muito diferente daquela que Severino deixou para trás.
d) na cidade grande a vida é mais segura. 

Link para a letra e vídeo da música Asa Branca, com Luis Gonzaga 

Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João

Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha 
Nem um pé de plantação 
Por falta d'água perdi meu gado 
Morreu de sede meu alazão

Até mesmo a asa branca 
Bateu asas do sertão 
Então eu disse adeus Rosinha 
Guarda contigo meu coração

Quando o verde dos teus olhos 
Se espalhar na plantação 
Eu te asseguro não chores não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Autor: Luis Gonzaga.  Fonte: http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/asa-branca.html


A peça- poema conta a história de  Severino, um  retirante que foge da seca, saindo dos confins da Paraíba para chegar ao litoral de Pernambuco (Recife). Lá, o retirante acredita que irá encontrar melhores  condições  de vida, mas o sonho se desfaz, mesmo antes de chegar ao destino final, a cidade do Recife, capital de Pernambuco, no litoral, banhada pelo mar e cortada pelos rios Capibaribe e Beberibe, onde água é abundante. Mas porque ele quis tirar a vida, jogando-se da ponte ?
3. Com base na afirmação acima e o que você leu no poema, qual a  solução para a questão do êxodo rural no Brasil, que agrava a violência nas grandes cidades? 
Redação
A cidade do Recife.
Muita água ao seu redor.
O título do poema  revela para o leitor a ideia central da obra,  ligando-se  aos aspectos dinâmicos da trajetória “severina”, ou seja, à realidade dura, severa, difícil, de penúria e miséria dos retirantes nordestinos.  Mostra que a personagem do “retirante” exprime uma concepção de “morte e vida severina”, onde  ambas  se confundem, caminham lado a lado.  Mas, em contrapartida, o final do auto é marcado pelo nascimento de uma criança, trazendo  esperança ao pobre retirante,  que até então pensava em se  matar. Observe o trecho:  
 “Decerto a gente daqui jamais envelhece aos trinta  nem sabe da morte em vida, vida em morte, severina”
3.Faça uma redação de até 20 linhas sobre o poema. Ao abordar as questões sociais e econômicas refletidas na obra, explique o porquê da expectativa de vida ser tão baixa no sertão nordestino, que segundo o protagonista,  não chega aos trinta anos. 
    
Referências (sites consultados) em 18/02/2014

Autor: João Cabral de Melo Neto. Livro “João Cabral de Melo Neto, Obra Completa”, Editora Nova Aguilar,  1999. Site:  http://www.releituras.com/joaocabral_morte.asp
LEITE, Carlos Willian. Os 10 melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Revista Bula. Jornalismo Cultural. Disponível em:
Site  Passsei Web.  Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.  Análise da obra.  Texto na íntegra e comentários. Disponível em:  http://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina

Site SOSestudante.com .  Morte e Vida Severina - Auto de Natal Pernambucano. Disponível em:  http://www.sosestudante.com/resumos-m/morte-e-vida-severina-auto-de-natal-pernambucano.html

NOGUEIRA JUNIO,  Arnaldo.  Projeto Releituras. Disponível em: http://www.releituras.com/joaocabral_morte.asp

Diferença entre emigração, imigração e migração