terça-feira, 27 de março de 2018

Morre Linda Brown, Ícone da Luta Contra a Segregação Racial nas Escolas dos EUA

Linda Brown, em 1954, no Kansas; após ser recusada em escola pública por ser negra, pai da garota ajuizou processo contra Junta de Educação que culminou no fim de doutrina de segregação nas escolas americanas Foto: AP Photo. Imagem e Fonte


Reproduzo aqui a matéria publicada no Jornal O Estado de S. Paulo,  que reporta a publicação  da imprensa americana sobre a morte de Linda Brown, que se tornou símbolo da Luta Pelos Direitos Civis nos Estados Unidos da América (EUA), quando aos nove anos  de idade foi impedida de frequentar a escola próxima a sua casa, por ser negra.  

 

A segregação racial nas escolas   americanas era uma infâmia contra a infância e contra a cidadania. Seu pai tomou uma atitude de não submissão  e não aceitação da cidadania de segunda classe, que ficou para a história. A luta  dos Brown Contra o Racismo é um marco que deve ser ecoado. Achei muito pertinente o destaque dado a sua  morte, já que o racismo está presente em todas as partes do mundo, infelizmente.  Sua morte repercutiu em todos os quadrantes dos EUA e em outros países.  Atitudes como a do pai de Linda Brown merecem ser ecoadas, repercutidas.


O racismo é coisa antiga. Quando os europeus dão início à expansão de seus domínios territoriais pela África, América e Oriente entre os séculos XV e XVI, a chaga tem início,  espalha-se, firma-se.  Para manter a dominação, os europeus inventaram o conceito de "raça”, que tinha como objetivo jogar na lata do lixo o moral dos povos dominados. 

Propagou-se e firmou-se pelo mundo afora, a chaga do EUROCENTRISMO, que considera a cultura europeia e os humanos de pela clara, superiores a todos os demais. Todas as outras culturas ganharam o status de inferiores, de segunda classe. Acompanhe a publicação na íntegra. Os grifos são nossos.


" WASHINGTON - Linda Brown, uma mulher do Kansas que na década de 1950 ficou famosa por um processo que proibiu a segregação racial nas escolas dos Estados Unidos, morreu aos 76 anos nesse domingo, 25, segundo a imprensa americana.
Nascida em Topeka, capital do Kansas, Brown tinha nove anos quando o seu pai, o reverendo Oliver Brown, tentou inscrevê-la em 1950 na escola pública primária mais próxima à casa da família.
A recusa da Escola Summer School em  aceitá-la por ser negra provocou quatro anos mais tarde a histórica decisão do processo "Brown vs. Board of Education" (Brown contra a Junta de Educação), no qual a Suprema Corte dos Estados Unidos pôs fim à doutrina "segregada, mas igual",  que regia  a educação pública americana desde 1896.
O Tribunal determinou que "separar (as crianças negras) de outras de idade e qualificações similares unicamente pela sua raça gera um sentimento de inferioridade quanto à sua posição na comunidade que pode afetar seus corações e mentes de um modo improvável de reverter".
Além disso, a Corte concluiu que a segregação era uma prática que violava a cláusula de "proteção igualitária" prevista na Constituição.
Embora Brown tivesse dado o nome, o processo agrupava vários casos recompilados pela Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês) de estudantes afro-americanos rechaçados em instituições educativas ao redor do país.
Um porta-voz da funerária de Topeka confirmou à imprensa americana que Brown morreu neste domingo, 25, por razões que não foram informadas.
Em entrevista à emissora "PBS" em 1985, por ocasião do aniversário de 30 anos da sentença, Brown disse sentir que a decisão da Suprema Corte tinha tido "um impacto em todas as facetas da vida das minorias em todo o país".
"Eu penso em termos do que fez para nossos jovens, na eliminação desse sentimento de cidadania de segunda classe. Acho que fez com que os sonhos, as esperanças e as aspirações de nossos jovens sejam hoje maiores", acrescentou.
Embora tenha se tornado um ícone dos direitos civis, o "Brown" que nomeia o processo contra a Junta de Educação pertence ao seu pai, que foi quem levou o caso à Justiça e morreu em 1961. //EFE"