sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Morre Nelson Mandela, o líder negro sul africano, aos 95 anos de idade. O que foi o Regime do Apartheid na África do Sul. O Massacre de Sharpville e a Revolta de Soweto. Biografia de Mandela. 20 Frases que traduzem suas ideias

Morreu o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, na última quinta-feira, dia 5 de Dezembro, em sua casa, na cidade de Joanesburgo,  aos 95 anos de idade.   Ele vinha enfrentando uma infecção pulmonar recorrente. No segundo semestre deste ano, Madiba, como era conhecido, ficou hospitalizado por três meses para tratar uma infeção pulmonar.

Mandela e o ex- Presidente  da África do Sul
De Klerk   receberam o
Prêmio Nobel da Paz em 1993


Líder da luta contra o "apartheid" na África do Sul, país situado no extremo sul do continente africano, Mandela inspirou movimentos contra o racismo em todo o mundo. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993 e foi o primeiro presidente negro do país, de 1994 a 1999. Era também carinhosamente chamado de Madiba, nome originário da tribo  a que pertencia.

   O que foi o regime do apartheid na África do Sul ou República Sul Africana

O Apartheid foi um regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional da África do Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes (negros) foram  negados pelo governo formado pela minoria branca daquele país africano. 
A segregação racial na África do Sul teve início  ainda no período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948.  A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais ("negros", "brancos", "de cor", e "indianos")1 , segregando, ou seja, separando  as áreas residenciais, muitas vezes através de remoções forçadas. 


Segregar significa separar, isolar, desunir, distinguir.  O povo sul africano era separado pela cor da pele durante o regime do apartheid, palavra que significa  "vidas separadas".

Os negros não aceitaram pacificamente a dominação da minoria negra e muitas revoltas aconteceram. Os sucessivos episódios de violência contra os negros na  África do Sul  motivaram membros do Congresso Nacional Africano (CNA), entre eles Mandela, a fundar o Umkhonto we Sizwe, que, em zulu, uma das línguas  faladas pelos negros  sul-africanos, significa Lança da Nação.  Esta  milícia começou a agir em 1961. Um ano antes, a polícia havia assassinado 69 pessoas, incluindo mulheres e crianças, após um protesto de negros na cidade de Sharpville. Um ano depois, Mandela seria preso.

O Massacre de Sharpville: 21 de Março de 1960 -  protesto contra a “Lei do Passe”

No dia 21 de Março de 1960, ocorreu na cidade de Sharpeville, na província de Gauteng, na África do Sul, um protesto contra  a “ Lei do Passe”, realizado pelo Congresso  Nacional  Africano (CAN). A lei  obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir,  sem se misturar com os brancos.
Cerca de cinco mil manifestantes reuniram-se  e marcharam calmamente, num protesto pacífico, mas  a  polícia  conteve o protesto com rajadas de metralhadora, ondre  morreram 69 pessoas, e cerca de 180 ficaram feridas.
Após esse dia, a opinião pública mundial voltou  sua atenção pela primeira vez na questão do apartheid.  No dia 21 de Novembro de 1969, a ONU criou o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que passou a ser comemorado todo dia 21 de Março.


A  revolta de Soweto: 16 de Junho de 1976: protesto contra o ensino do africâner
Foi um protesto contra  a  decisão do governo do apartheid de ensinar obrigatoriamente nas escolas a  língua falada pelos brancos, chamada africâner (bôere), de origem holandesa,  ao lado do  inglês, enquanto  desprezava as línguas  das tribos nativas, faladas pelos negros.   O africâner  era  visto como o símbolo do apartheid que  os oprimia e  os excluía.

O protesto foi     violentamente reprimido  pela polícia  no dia 16 de Junho de 1976, passando à história como o Massacre de Soweto, com   mais de  500 jovens estudantes  mortos e centenas de feridos.  As imagens da rebelião correram o mundo, causando indignação geral, diante da  realidade do apartheid, que  esmagava a maioria negra. 

Soweto  ficou conhecida na época do apartheid por ser foco de resistência anti-racista e de protestos dos negros contra a política oficial de discriminação racial.  Ali moravam Mandela, o bispo Desmon Tuto e outros líderes negros.  
A sigla Soweto vem de South Western Townships, ou “Bairros do Sudoeste”  ou  "Comunidade do Sudoeste".   É um distrito da cidade de  Johanesburgo,  na África do Sul,  criado  em 1963, para juntar sob uma mesma administração um conjunto de bairros  exclusivos para negros. 

A revolta estudantil de Soweto é um marco importante na derrota  do sistema do apartheid, que  legalizava e institucionalizava a discriminação racial contra  os negros,  a maioria da população. 

Faz quase 20 anos que o apartheid desapareceu do ordenamento jurídico da África do Sul, mas as desigualdades raciais perduram dentro e fora daquele  país, pois os negros continuam sendo discriminados no mundo inteiro. 

No Brasil, as estatísticas da violência urbana sustentam a tese de que está em curso um “genocídio” da população negra brasileira, sendo a  principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos.  O genocídio atinge  especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros. Urge que o coletivo negro se una e se fortaleza, para encontrar medidas de  combate. 

                Biografia de Nelson Mandela

Mandela nasceu no dia 18 de julho de 1918, em um pequeno vilarejo, e era membro de uma nobreza tribal. Seu nome original é Rolihlahla. Aos 7 anos, ele se tornou o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês Nelson.
Tornou-se estudante de direito na Universidade de Fort Hare, de onde foi expulso por envolvimento em ações de boicote às políticas universitárias, organizadas pelo movimento estudantil. Nessa época, ele foi para  a cidade de Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul.
 Apartheid e prisão
Mapa da África do Sul
Quando estudante de direito, Mandela  se envolveu  na oposição ao regime do apartheid. Naquela época, havia uma rígida legislação imposta pelos descendentes dos colonos holandeses, franceses e alemães, que negava direitos políticos e sociais aos negros e mestiços e à expressiva colônia de imigrantes indianos.
Em 1942, Mandela tornou-se membro do Congresso Nacional Africano (CNA), organização do movimento negro fundada em 1912.  No começo ele era favorável apenas à organização de ações não violentas. Mudou de opinião após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Um ano após o episódio, ele decide ir ao Marrocos e à Etiópia para treinamento paramilitar.
Em agosto de 1962, Mandela foi preso numa operação articulada entre a polícia sul-africana e a CIA, sendo condenado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Dois anos mais tarde, recebeu uma nova sentença: julgado por sabotagem e conspiração com países estrangeiros, foi condenado à prisão perpétua. A partir de então, teve início um movimento internacional em torno do tema “Libertem Nelson Mandela”.
Mapa do continente africano
Africa Subsaariana (amarelo)
Foi solto em 1990, aos 72 anos de idade, quando o então presidente da África do Sul, Frederik Willem de Klerk anunciou as primeiras medidas para pôr fim ao sistema do apartheid. Imediatamente, Mandela iniciou um movimento em favor de uma nova Constituição, que concedesse direitos políticos e sociais a toda a população, incluindo o direito de voto aos negros.


Prêmio Nobel da Paz  e eleição para presidente. Um homem, um voto !
Devido aos avanços democráticos no país, De Klerk e Mandela receberam conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Um ano mais tarde, entrou em vigor a nova Constituição provisória não-racial. Nas primeiras eleições multirraciais da África do Sul, Mandela foi candidato pelo CNA, que havia sido transformado em partido político, e foi eleito presidente no dia 27 de abril de 1994, com o lema: "um homem, um voto", contrariando as regras existentes, onde o voto da minoria branca valia mais que o voto da  maioria negra, que o elegeu, com as mudanças das regras.  
Exerceu seu mandato até 1999. Desde então, seu partido vem sendo vitorioso e se mantém no poder. Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública, mas continuaria com suas atividades na luta contra a Aids, que infectou mais de 18% da população sul africana, incluindo um filho de Mandela, que morreu vítima dessa doença. Ao lado do bispo  Desmound Tutu, seu companheiro de luta contra a discriminação no seu próprio país, Mandela semeou a esperança para o povo negro da África do Sul. 


20 Frases que traduzem as ideias  de Mandela

Durante sua vida, Mandela nos inspirou com muitas palavras de sabedoria, que traduzem suas ideias. Confira algumas delas:
1.   A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.
2. Sou fundamentalmente otimista. Se isso vem da natureza ou da criação, eu não posso dizer. Parte de ser otimista é manter a cabeça apontada para o sol, os pés se movendo para frente. Houve muitos momentos sombrios, quando minha fé na humanidade foi duramente testada, mas eu não iria e não podia me entregar ao desespero. Dessa forma, se estabelece a derrota e a morte.
3. Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo.
4. Gosto de amigos que têm mentes independentes, porque fazem você ver os problemas por todos os ângulos.
5. As dificuldades dobram alguns homens, mas formam outros. Nenhum machado é afiado o suficiente para cortar a alma de um pecador que continua tentando, um pecador armado com a esperança de que irá se erguer no fim.
6. Sempre parece impossível até que seja feito.
7. A morte é algo inevitável. Quando um homem fez o que considera ser seu dever para com seu povo e seu país, ele pode descansar em paz. Acredito tê-lo feito, e é por isso que dormirei por toda a eternidade.
8. Os verdadeiros líderes devem estar prontos a sacrificar tudo pela liberdade do seu povo.
9. Nenhum poder na Terra é capaz de deter um povo oprimido, determinado a conquistar sua liberdade.
10. Qualquer um consegue elevar-se acima das circunstâncias e alcançar o sucesso se for dedicado e apaixonado pelo que faz.
11. Ser livre não é apenas quebrar as próprias correntes, mas viver de uma maneira que respeite e aumente a liberdade dos demais.
12. Não me julgue pelo meu sucesso, me julgue por quantas vezes eu caí e voltei de novo.
13. Não poderás encontrar nenhuma paixão se te conformas com uma vida que é inferior àquela que és capaz de viver.
14. O dinheiro não cria o sucesso, mas sim a liberdade de criar o sucesso.
15. Devemos usar o tempo sensatamente e entender que o momento é sempre adequado para se fazer o bem.
15. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.
16. O ressentimento é como beber veneno e esperar que ele mate seus inimigos.
18. Uma boa cabeça e um bom coração são sempre uma combinação formidável.
19. Quando as pessoas estão determinadas, elas conseguem alcançar qualquer coisa.
20. Que nunca, nunca, nunca mais esta bela terra experimente novamente a opressão de um pelo outro e sofra a indignidade de ser a escória do mundo. Que a liberdade reine. [Forbes/G1]
Salve Madiba ! Vá com Deus !  Viva Mandela, viva a liberdade !
Para completar nossa homenagem ao grande líder africano, recomendamos  o vídeo com a música Protesto do Olodum, que faz alusão ao apartheid  e a Mandela no verso:
Desmound Tutu     Contra o apartheid  Na África do Sul    Vem saudando Nelson Mandela - O Olodum ...

Sites consultados
Stephane D'Ornelas. 20 Frases inspiradas de Nelson Mnadela