Rio Capibaribe, que corta a cidade do Recife |
Morte e Vida Severina
(Auto de Natal Pernambucano)
Seu conteúdo crítico- social chamou a atenção do
compositor brasileiro Chico Buarque de Hollanda, que musicou uma de suas encenações. É um
poema equilibrado, harmônico, seco, duro, direto, sem quaisquer concessões a
soluções simplistas e/ou emocionais. Seguindo a tradição medieval,
tão presente no Nordeste, o poema é escrito predominantemente em versos *redondilhas maiores, com um vocabulário que vai do erudito ao regional sem
prejuízos de interpretação.
Carnaval em Olinda. Viva o frevo pernambucano ! |
Morte e Vida Severina foi composta a pedido da escritora e dramaturga brasileira, Maria Clara Machado, especialmente para o
teatro. Naquela ocasião, Maria Clara que dirigia o teatro Tablado,
no Rio, pediu a João Cabral que escrevesse algo sobre retirantes nordestinos. O
poeta escreveu, então, um grupo de poemas dramáticos, para "serem lidos em
voz alta" e os dedicou a Rubem Braga e a Fernando Sabino, "que
tiveram a ideia deste repertório".
* Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, aos versos de cinco ou sete sílabas — a chamada medida velha. Aos de cinco sílabas dá-se o nome de redondilha menor e aos de sete sílabas, de redondilha maior. A redondilha foi muito utilizada pelos poetas Garcia de Resende e por Luis de Camões. Fonte: Wikipédia.
Análise da obra: entenda
o longo poema
O poema começa com o retirante Severino
se apresentando ao leitor, dizendo quem é e a que vai. Ele
tenta se definir como filho de “Maria” e de “Zacarias”, já falecido. No
entanto, a existência de tantas outras pessoas, na mesma condição dele, com o
mesmo nome, dificulta a individualização do Severino. No texto a
personagem “severino” representa um grupo social, e se
constitui em símbolo do homem pobre do agreste pernambucano em
busca de melhores condições de vida na cidade grande.
No título identificamos a mudança da ordem natural da existência
humana: primeiro a morte e depois a vida. O autor, portanto, antecipa o
tipo de vida que pretende descrever: uma vida que coexiste diuturnamente com a
morte. As duas mantêm tal simbiose que o adjetivo comum confere-lhes, a ambas,
a qualidade de “severinas”, isto é, dura, severa, difícil, de extremado rigor
em suas relações com o meio.
O subtítulo Auto de Natal Pernambucano tem inspiração nos autos pastoris medievais ibéricos,
além de espelhar-se na cultura popular nordestina. O autor nos remete à
tradição medieval ibérica em que a designação "auto" destinava-se a
peças de teatro tradicionais. Neste tipo de representação teatral, os
assuntos poderiam ser religiosos ou profanos, sérios ou cômicos. Eram
comuns na literatura portuguesa e tiveram seu apogeu com o teatro vicentino, no
alvorecer do século XVI. Pela tradição, os autos divertiam,
moralizavam os costumes, e simplificavam as verdades da fé
católica.
O Auto de Natal Morte e Vida Severina possui estrutura dramática. É uma peça de teatro. Severino, personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se à vida severina, à condição severina, dura, severa, à miséria. O título da obra: Morte e Vida Severina - Auto de Natal Pernambucano, engloba a mensagem que o texto do poema pretende transmitir para o leitor: retratar o cotidiano pobre e sofrido do sertanejo nordestino, e João Cabral de Melo Neto o faz com muita maestria.
O Auto de Natal Morte e Vida Severina possui estrutura dramática. É uma peça de teatro. Severino, personagem, se transforma em adjetivo, referindo-se à vida severina, à condição severina, dura, severa, à miséria. O título da obra: Morte e Vida Severina - Auto de Natal Pernambucano, engloba a mensagem que o texto do poema pretende transmitir para o leitor: retratar o cotidiano pobre e sofrido do sertanejo nordestino, e João Cabral de Melo Neto o faz com muita maestria.
O que quer dizer a
palavra Auto no poema: significa
uma representação teatral, geralmente de alguma passagem bíblica.
Portanto, quando se diz Auto de Natal, refere-se à encenação do nascimento de
Cristo. No caso de Auto da Compadecida, por exemplo, trata-se de
representação envolvendo Nossa Senhora, que se compadece (solidariza)dos
sofrimentos dos humanos. Daí o nome "Compadecida". É por este
motivo que, no poema, João Cabral usa preferencialmente o verso *heptassilábico,
a chamada "medida velha", ou redondilho maior, verso sonoroso e
facilmente obtido.
Sua
linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no título: "morte"
e "vida". No primeiro, temos o trajeto do personagem-protagonista,
para Recife, tentando escapar da
opressão econômico-social. No segundo movimento, o da "vida", o autor
não coloca a euforia da ressurreição, como ocorre nos autos tradicionais, ao
contrário, o otimismo que aí ocorre é de confiança no homem, em sua capacidade
de enfrentar os desafios e resolver os problemas. Neste sentido, o poema é marcado
pelo jogo de palavras entre o substantivo próprio Severino e o adjetivo
qualificativo severina (o), caracterizando a vida e a morte presentes no sertão
nordestino, secularmente castigado pelo flagelo da seca, e por outro
aspecto social típico do Nordeste, a questão agrária, com seus
extensos latifúndios.
A peça-poema estruturalmente está dividida em 18 passos, e cada um narra episódios
da longa jornada de um retirante, de nome Severino de Maria — que
foge da seca, em busca de melhores dias na cidade do
Recife, no litoral pernambucano, cortada pelas águas do mar e dos Rios Capibaribe e Beberibe, e suas famosas pontes. O retirante sai do sertão da Paraíba rumo ao
litoral, seguindo a trilha do Rio. Quando atinge o Recife, depois de encontrar
muitas "mortes" pelo caminho, desencanta-se com o sonho da cidade grande e do
mar. Resolve então "saltar fora da ponte e da vida", atirando-se
no Capibaribe. Enquanto se prepara para morrer e conversa
com seu José, uma mulher anuncia que o filho deste "saltou para dentro da
vida" (nasceu). Severino assiste ao auto de natal (encenação
comemorativa do nascimento). Seu José, mestre carpina, tenta demover Severino
da resolução de "saltar fora da ponte e da vida".
Cada um dos 18
passos do poema forma as cenas de um auto natalino, com a descrição
final do nascimento de uma criança, mas entremeados pela morte, que se
constitui no liame entre uma cena e outra. Entretanto, outra divisão
pode ser feita quanto à temática, a saber:
a)
da parte 1 a 9, compreende-se a viagem de Severino até o Recife, seguindo
sempre o Rio Capibaribe, ou o "fio da vida", que ele se dispõe a
seguir, mesmo quando o rio lhe falta e dele só encontre a leve marca no chão
crestado pelo sol;
b) da parte 10 a 18
- o retirante já está no Recife ou em seus arredores, e
sofridamente sabe que para ele não há nenhuma saída, a não ser aquela que
presenciou no percurso: a morte. Severino assiste ao auto de natal
(encenação comemorativa do nascimento).
Neste
post o poema
não está completo. Trazemos um pequeno trecho, o suficiente para entendermos a ideia central da obra: retratar o cotidiano pobre e sofrido
do sertanejo nordestino, e João Cabral de Melo Neto, o faz com muita
maestria. No link abaixo, você pode acessar o poema na sua íntegra: http://www.releituras.com/joaocabral_morte.asp
*Verso heptassilábico- Verso de sete sílabas métricas, também chamado
de redondilha maior e que se adapta aos versos para serem cantados.
*Verso heptassilábico- Verso de sete sílabas métricas, também chamado
de redondilha maior e que se adapta aos versos para serem cantados.
Morte e Vida Severina (Auto de Natal Pernambucano)
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
Recife: o mar,
as pontes, os
rios Capibaribe
e Beberibe.
Água em
abundância,
que contrasta
com a seca
do sertão.
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
Autor: João Cabral de Melo Neto. Livro “João Cabral de Melo Neto, Obra Completa”, Editora Nova Aguilar, 1999.
Destacamos trechos do poema, para melhor entendimento da obra:
O poema começa com o retirante Severino se apresentando ao leitor, dizendo quem é e a que vai. Ele tenta se definir como filho de “Maria” e de “Zacarias”, já falecido. No entanto, a existência de tantas outras pessoas, na mesma condição dele, com o mesmo nome, dificulta a individualização do Severino. Vale dizer que a personagem “severino” representa um grupo social, e se constitui em símbolo do homem pobre do agreste pernambucano em busca de melhores condições de vida na cidade grande. Acompanhe:
— O meu nome é Severino,
Não tenho outro de pia.
Neste trecho, Severino, o retirante, se apresenta às pessoas e tenta logo de início individualizar-se. Para tanto, usa referências pessoais, de sobrenomes, nomes e geografias. Mas é inútil, pois ele é apenas um igual a tantos outros Severinos e, deste modo, difícil é desidentificar-se de maneira a distanciar-se deles, os seus iguais em sofrimento, dor, ocupantes do mesmo espaço geográfico de seca, fome, miséria e ignorância.
No 2o. verso - “não tenho outro de pia” - esta palavra indica a pia batismal, e marca a religiosidade que está presente em todo o poema; expressa o compromisso do autor de demonstrar que o retirante é, em sua essência, bom e humilde, moralmente inclinado para o bem.
A partir do 31o verso, no entanto, sua fala deixa de ser individualizada. Ao observar que "somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida: mesma cabeça grande, que a custo se equilibra..." o retirante funde sua saga à saga dos outros nordestinos, junta-se a eles no destino da retirada, da busca de saídas e sonhos. E, corajosamente se anuncia:
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história da minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
A referência à debilidade física
do homem do interior pernambucano (“pernas finas”, “ventre crescido”, “sangue
com pouca tinta”) é resultante da fome e das doenças, mas apesar de tantas adversidades, Severino é
alegre e otimista.
Em outros versos do poema, o tom de lamentação
de Severino contrasta com sua euforia quando chega ao Recife e se vê diante da
possibilidade de trabalho e boa remuneração, expressando uma crítica
do autor ao sistema econômico brasileiro, que prioriza investimentos nas grandes cidades, enquanto
deixa as pequenas, a zona rural
e seus habitantes em segundo plano. Descubra outros pontos importantes no poema.
Biografia do Autor
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
Recife: o mar,
as pontes, os rios Capibaribe
e Beberibe.
Água em
abundância,
que contrasta
com a seca
do sertão. |
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
Autor: João Cabral de Melo Neto. Livro “João Cabral de Melo Neto, Obra Completa”, Editora Nova Aguilar, 1999.
Destacamos trechos do poema, para melhor entendimento da obra:
O poema começa com o retirante Severino se apresentando ao leitor, dizendo quem é e a que vai. Ele tenta se definir como filho de “Maria” e de “Zacarias”, já falecido. No entanto, a existência de tantas outras pessoas, na mesma condição dele, com o mesmo nome, dificulta a individualização do Severino. Vale dizer que a personagem “severino” representa um grupo social, e se constitui em símbolo do homem pobre do agreste pernambucano em busca de melhores condições de vida na cidade grande. Acompanhe:
— O meu nome é Severino,
Não tenho outro de pia.
Neste trecho, Severino, o retirante, se apresenta às pessoas e tenta logo de início individualizar-se. Para tanto, usa referências pessoais, de sobrenomes, nomes e geografias. Mas é inútil, pois ele é apenas um igual a tantos outros Severinos e, deste modo, difícil é desidentificar-se de maneira a distanciar-se deles, os seus iguais em sofrimento, dor, ocupantes do mesmo espaço geográfico de seca, fome, miséria e ignorância.
No 2o. verso - “não tenho outro de pia” - esta palavra indica a pia batismal, e marca a religiosidade que está presente em todo o poema; expressa o compromisso do autor de demonstrar que o retirante é, em sua essência, bom e humilde, moralmente inclinado para o bem.
A partir do 31o verso, no entanto, sua fala deixa de ser individualizada. Ao observar que "somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida: mesma cabeça grande, que a custo se equilibra..." o retirante funde sua saga à saga dos outros nordestinos, junta-se a eles no destino da retirada, da busca de saídas e sonhos. E, corajosamente se anuncia:
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história da minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
Não tenho outro de pia.
Neste trecho, Severino, o retirante, se apresenta às pessoas e tenta logo de início individualizar-se. Para tanto, usa referências pessoais, de sobrenomes, nomes e geografias. Mas é inútil, pois ele é apenas um igual a tantos outros Severinos e, deste modo, difícil é desidentificar-se de maneira a distanciar-se deles, os seus iguais em sofrimento, dor, ocupantes do mesmo espaço geográfico de seca, fome, miséria e ignorância.
No 2o. verso - “não tenho outro de pia” - esta palavra indica a pia batismal, e marca a religiosidade que está presente em todo o poema; expressa o compromisso do autor de demonstrar que o retirante é, em sua essência, bom e humilde, moralmente inclinado para o bem.
A partir do 31o verso, no entanto, sua fala deixa de ser individualizada. Ao observar que "somos muitos Severinos/iguais em tudo na vida: mesma cabeça grande, que a custo se equilibra..." o retirante funde sua saga à saga dos outros nordestinos, junta-se a eles no destino da retirada, da busca de saídas e sonhos. E, corajosamente se anuncia:
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história da minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
A referência à debilidade física
do homem do interior pernambucano (“pernas finas”, “ventre crescido”, “sangue
com pouca tinta”) é resultante da fome e das doenças, mas apesar de tantas adversidades, Severino é
alegre e otimista.
Em outros versos do poema, o tom de lamentação
de Severino contrasta com sua euforia quando chega ao Recife e se vê diante da
possibilidade de trabalho e boa remuneração, expressando uma crítica
do autor ao sistema econômico brasileiro, que prioriza investimentos nas grandes cidades, enquanto
deixa as pequenas, a zona rural
e seus habitantes em segundo plano. Descubra outros pontos importantes no poema.
Biografia do Autor
Poeta e diplomata brasileiro, João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco (PE), na Região Nordeste do Brasil, no dia 09 de janeiro de 1920, e morreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1999. Inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Sua obra é caracterizada pelo rigor estético e pelo uso de rimas toantes. Divide com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira o título de maior poeta brasileiro pós-1940. Principais prêmios: Neustadt International Prize for Literature. Filme: Morte e vida Severina
Sugestões de estratégias para trabalhar o poema em sala de aula
No momento da discussão, debater com a classe qual é a ideia central da obra, a qual aparece no próprio título do poema “Morte e Vida Severina”, que inverte a ordem cronológica das fases da existência humana, colocando a morte em primeiro plano. A explicação está no fato da personagem “severino” se deparar constantemente com a morte, acontecimento corriqueiro no sertão nordestino, onde a terra é seca e não oferece condições de vida digna. Para finalizar sugerimos a apresentação do Musical Morte e Vida Severina - completo,com duração de 53 minutos.
Atividades
Sugerimos que no primeiro momento de apresentação do poema aos
alunos, o professor faça a exibição da Música MorteE Vida Severina, de Chico Buarque.
No segundo
momento, os alunos fazem a leitura silenciosa do
poema; no terceiro momento,
faz-se uma discussão em sala de
aula, ressaltando o que há de mais importante na estrutura da obra: a linguagem
e a mensagem de caráter social e dramática que o poema transmite, denunciando o sofrimento e a desesperança do homem sertanejo.
celebração de Auto de Natal no Nordeste |
No momento da discussão, debater com a classe qual é a ideia central da obra, a qual aparece no próprio título do poema “Morte e Vida Severina”, que inverte a ordem cronológica das fases da existência humana, colocando a morte em primeiro plano. A explicação está no fato da personagem “severino” se deparar constantemente com a morte, acontecimento corriqueiro no sertão nordestino, onde a terra é seca e não oferece condições de vida digna. Para finalizar sugerimos a apresentação do Musical Morte e Vida Severina - completo,com duração de 53 minutos.
Auto de Natal |
Em Morte e Vida
Severina, a palavra "severino(a)" apresenta-se como substantivo
próprio, substantivo comum e como adjetivo. Tal fato ocorre porque, nessa obra, a
palavra "severino(a)"...
a) designa aquele que fala, ou seja, o protagonista do auto. Portanto, é um substantivo....... ............ ;
b) designa também os retirantes, que, como ele, foram escorraçados do sertão
pela seca da terra e pelo latifúndio. O termo é um substantivo...... .... c) o termo qualifica a existência como realidade dura, áspera. Portanto, é um .....................
2. Veja o vídeo com a música Asa Branca, de Luis Gonzaga. Preste atenção na letra. Em seguida, analise as afirmativas abaixo, e responda SIM ou NÃO. Comente.
c) na zona da mata, apesar das condições climáticas mais favoráveis, a situação não é muito diferente daquela que Severino deixou para trás.
d) na cidade grande a vida é mais segura.
Link para a letra e vídeo da música Asa Branca, com Luis Gonzaga
O título do poema revela para o leitor a ideia central da
obra, ligando-se aos aspectos dinâmicos da trajetória “severina”,
ou seja, à realidade dura, severa, difícil, de penúria e miséria dos retirantes
nordestinos. Mostra que a personagem do
“retirante” exprime uma concepção de “morte e vida severina”, onde ambas se confundem, caminham lado a lado. Mas, em contrapartida, o final do auto é marcado pelo nascimento de uma criança, trazendo esperança ao pobre retirante, que até então pensava em se matar. Observe o trecho:
2. Veja o vídeo com a música Asa Branca, de Luis Gonzaga. Preste atenção na letra. Em seguida, analise as afirmativas abaixo, e responda SIM ou NÃO. Comente.
A
fuga do sertão em busca de vida digna no litoral pode não ser uma solução para o retirante, porquê:
a) na cidade grande encontrará sempre a mesma morte
severina.
b) na cidade grande, quando não encontra uma morte
severina, tem que levar uma vida severina, vivendo nas favelas, sujeito às drogas e à violência urbana;c) na zona da mata, apesar das condições climáticas mais favoráveis, a situação não é muito diferente daquela que Severino deixou para trás.
d) na cidade grande a vida é mais segura.
Link para a letra e vídeo da música Asa Branca, com Luis Gonzaga
Quando olhei a terra ardendo
|
Que braseiro, que fornalha
|
Até mesmo a asa branca
|
Quando o verde dos teus olhos
|
Autor: Luis Gonzaga. Fonte: http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/asa-branca.html |
A peça- poema conta a história de Severino, um retirante que foge da seca, saindo dos confins
da Paraíba para chegar ao litoral de Pernambuco (Recife). Lá, o retirante
acredita que irá encontrar melhores condições de vida, mas o sonho se desfaz, mesmo antes de chegar ao destino final, a cidade do Recife, capital de Pernambuco, no litoral, banhada pelo mar e cortada pelos rios Capibaribe e Beberibe, onde a água é abundante. Mas porque ele quis tirar a vida, jogando-se da ponte ?
3. Com base na afirmação acima e o que você leu no poema, qual a solução para a questão do êxodo rural no Brasil, que agrava a violência nas grandes cidades?
Redação
A cidade do Recife. Muita água ao seu redor. |
“Decerto a gente daqui jamais envelhece aos
trinta nem sabe da morte em vida, vida
em morte, severina”.
3.Faça uma redação de até 20 linhas sobre o poema. Ao abordar as questões sociais e econômicas refletidas na obra, explique o porquê da expectativa de vida ser tão baixa no sertão nordestino, que segundo o protagonista, não chega aos trinta anos.
Referências (sites consultados) em 18/02/2014
Autor: João Cabral de Melo Neto. Livro “João Cabral de Melo Neto, Obra Completa”, Editora Nova Aguilar, 1999. Site: http://www.releituras.com/joaocabral_morte.asp
LEITE, Carlos
Willian. Os 10 melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Revista Bula.
Jornalismo Cultural. Disponível em:
Site Passsei Web.
Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Análise da obra. Texto
na íntegra e comentários. Disponível em: http://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina
Site SOSestudante.com . Morte e Vida Severina - Auto de Natal Pernambucano. Disponível em: http://www.sosestudante.com/resumos-m/morte-e-vida-severina-auto-de-natal-pernambucano.html
NOGUEIRA JUNIO, Arnaldo. Projeto Releituras. Disponível em: http://www.releituras.com/joaocabral_morte.asp
Diferença entre emigração, imigração e migração
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