sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Ora pois, uma língua bem brasileira! O Português do Brasil. A influência africana. O Português como segunda língua dos escravos. As duas línguas gerais dos negros no Brasil: o Nagô ou Iorubá e o Quimbundo. Palavras de origem africana

Mulher africana com seu bebê albino

Este post foi inspirado em uma publicação do Site Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), uma das mais importantes agências de fomento do país, sendo a única publicação jornalística especializada no segmento de ciência e tecnologia, tendo como foco primordial a produção científica brasileira.  

Decidi postar aqui, para ser trabalhado num Projeto Multidisciplinar com os alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, na escola onde trabalho. 

Sob o título:  ora pois, uma língua bem brasileira, o artigo aguçou a minha curiosidade e passei a me interessar pelo tema com foco na constatação de que temos marcas próprias de um idioma:  o Português do Brasil, que sofreu influências dos povos nativos (os indígenas), dos europeus e dos africanos. Traduzindo: temos identidade linguística. 
A Torre de Belém, às margens do Rio Tejo,    
que  corta  a cidade de Lisboa,  capital
 de Portugal. Foi construída na época 
dos Grande Descobrimentos,  com o
 objetivo de proteger a cidade de invasores.

Atente-se que para explicar a participação de línguas africanas na construção do Português do Brasil, há que se ressaltar a atuação de personagens falantes procedentes do tráfico transatlântico, um número extraordinário de indivíduos que ultrapassava os índios e os portugueses.  

Os primeiros escravos negros chegaram ao Brasil com a expedição de Martim Afonso de Souza em 1530 (século XVI), vindos da Guiné. A partir da década de 1550 (1a. metade do século XVI), o comércio negreiro intensificou-se, sendo oficializado em 1568 pelo governador-geral Salvador Correa de Sá, prosseguindo até o final do século XIX, ainda que clandestinamente, desaparecendo por completo após a assinatura da Lei Áurea, em 13 de Maio de 1888 (final do século XIX).  

Considere-se   que do século XVI ao século XIX, o tráfico transatlântico trouxe para o Brasil entre 4 a 5 milhões de falantes africanos procedentes das regiões oeste (SUDANESES) e centro-sul (BANTUS ou bantos) da África, abrangendo territórios que vão do Senegal à Nigéria.  O estudo das línguas africanas ainda está em curso, não conclusos, sofre com a falta de registros históricos, e com o peso da oralidade, mas a influência no Português do Brasil não deixa dúvidas. 


Numa entrevista para o Site Vermelho (PCdoB), a Professora Yeda Castro responde à pergunta: Todo brasileiro é culturalmente negro, como disse Gilberto Freyre?
Yeda Pessoa de Castro - Não podemos generalizar. A cultura brasileira é em parte negra, mas depende do grau de presença africana pelas várias regiões. Mas a língua portuguesa que falamos, sim: esta é culturalmente negra. Ela é resultado de três grandes famílias linguísticas: a família indo-europeia, com a participação dos falantes portugueses, a família tupi, com a participação dos falantes indígenas, e a família níger-congo, com a participação dos falantes da região Subsaariana da África.  

Estive várias vezes em Portugal, porta de entrada da Europa, onde pude constatar que a expressão Português do Brasil faz sentido, uma vez que nós brasileiros sempre passamos por vexames na terra lusa, com o nosso falar peculiar.  
Luanda, a capital da Angola, país da África Ocidental
As diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal não são meramente pontuais, mas devido à grande popularidade de nossas telenovelas e da nossa música no país, os portugueses conseguem nos entender melhor do que nós a eles porque conhecem um pouco do nosso linguajar.

Há diferenças do vocabulário, como por exemplo:   canalha, que em Portugal é criança, comboio, que no Brasil é trem, e por aí vai.  Os falsos cognatos –palavras semelhantes em dois idiomas (neste caso, o mesmo idioma), mas com significados diferentes.   O uso exagerado do Gerúndio no Brasil, contrapondo-se ao uso do verbo no infinito em Portugal, na construção de frases. Exemplo: Estou comendo comida baiana – Gerúndio. Estou a comer comida baiana – Infinitivo.  A forma de tratamento mais comum em Portugal é na  2ª pessoa, ou seja, o “tu”,  que a maioria dos brasileiros não utiliza, com exceção das Regiões Norte e Nordeste.

Leia a seguir um pequeno trecho do excelente artigo da Revista FAPESP, depois na íntegra, seguido de outras contribuições que adaptei para este post.  Assista aos vídeos.

ORA POIS, UMA LÍNGUA BEM BRASILEIRA

Segundo a Revista FAPESP, análise de textos antigos e de entrevistas expõe as marcas próprias do idioma no país, o alcance do “R" caipira e os lugares que preservam modos antigos de falar.  Análise desses documentos e entrevistas de
campo ao longo dos últimos 30 anos está mostrando que o português brasileiro já pode ser considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que o inglês americano é distinto do inglês britânico.

O português brasileiro ainda não é, porém, uma língua autônoma: talvez seja – na previsão de especialistas, em cerca de 200 anos – quando acumular peculiaridades que nos impeçam de entender inteiramente o que um nativo de Portugal diz, continua o artigo.

A expansão do Português no Brasil, as variações regionais com suas possíveis explicações, que fazem o urubu de São Paulo ser chamado de corvo no Sul do país, e as raízes das inovações da linguagem estão emergindo por meio do trabalho de cerca de 200 linguistas. De acordo com estudos da Universidade de São Paulo (USP), uma inovação do português brasileiro, por enquanto sem equivalente em Portugal, é o “R” caipira, às vezes tão intenso que parece valer por dois ou três, como em porrrta ou carrrne.

Assista ao vídeo - As Marcas do Português, no mesmo endereço acima. 

O Vídeo de Nelson Barros. A Origem da língua portuguesa   Disponível em:   
https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I             Acessos:  22/09/17



Mapa Político da África Atual (clique sobre as imagens para ampliar)






Contexto Histórico da Vinda dos Africanos para o Brasil


A vinda de africanos para o Brasil está ligada à economia canavieira, que exigia mão-de-obra abundante.  Para lucrar o máximo e compensar a própria escassez populacional, a Coroa Portuguesa recorreu ao trabalho escravo.   No primeiro momento, a saída foi a escravização dos indígenas, que não deu certo e teve curta duração.  

A partir de 1550 (primeira metade do século XVI), a mão-de-obra indígena foi substituída pelo negro africano. A opção está relacionada à experiência bem-sucedida de utilização do trabalho africano na produção de açúcar em domínios portugueses nas Ilhas de São Tomé e da Madeira, na costa oeste da África, também dominadas no século XVI.

Considere-se que, “dado o enorme impacto econômico, social, político e cultural que o escravismo colonial trouxe para o Brasil, o peso da escravidão na Metrópole costuma ser negligenciado. Entre meados do século XV e o início do século XVI, ingressaram em Portugal de 140 mil a 150 mil escravos africanos.  
Funchal, capital da Ilha da  Madeira


Para avaliar o peso numérico desse contingente, basta levar em conta que, no início da década de 1530, a população total de Portugal era composta por cerca de 1,2 a 1,4 milhão de pessoas”, assinala José Tadeu Arantes (in Portugal porta adentro: Lisboa no século 16. Agência FAPESP, 01/08/16).

Portugal chega à costa da África, nas ilhas de São Tomé e Príncipe, que estiveram desabitadas até 1470 (século XV), quando os navegadores  portugueses João de Santarém e Pedro Escobar as descobriram.  São Tomé e Príncipe, oficialmente República Democrática de São Tomé e Príncipe, é um Estado insular (ilha) localizado no Golfo da Guiné, composto por duas ilhas principais: a Ilha de São Tomé, a Ilha do Príncipe e várias ilhotas, num total de 1001 km², com cerca de 192 mil habitantes, próxima da costa do Gabão, Guiné Equatorial,  Camarões e Nigéria.  


Colônia de Portugal desde 1470 até a sua independência em 12 de julho de 1975 (século XX), atualmente é um dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).


Com o apoio de alguns chefes tribais, Portugal deu início à captura de homens e mulheres nessas áreas, submetendo-os ao trabalho escravo em seus territórios.  O Povo Bantu foi o primeiro a fazer a viagem do tráfico transatlântico, e apesar das precárias condições da escravidão, os povos traficados jamais relegaram ou deixaram para trás a herança cultural dos seus ancestrais.   O intenso tráfico de escravos do século XVI ao XIX fez proliferar traços da Cultura Subsaariana por extensas regiões da América, destacando-se o Brasil. Chegaram também em Ilhas do atual Caribe, como Trinidad e Tobago, Cuba, Haiti e áreas dos Estado Unidos da América (EUA). 


O Português como segunda língua dos escravos

Os escravos africanos utilizavam o português como segunda língua. Significa que antigos hábitos linguísticos de suas origens dialogavam com o novo falar na Colônia, promovendo trocas, adaptações e influências no português aqui falado.  Muitas palavras existentes em nosso dicionário são usadas em comum sentido, tanto aqui como em Angola, um exemplo que marca a forte ligação linguística entre os dois países.

As duas "línguas gerais" dos negros no Brasil


A partir da chegada dos povos africanos ao Brasil, foram constituídas duas “línguas gerais” dos negros, que têm em comum a falta de flexão. São elas:   
a)   nagô ou Iorubá, língua do grupo sudanes, falada na Bahia. Iorubá é o nome de uma das maiores etnias do continente africano em termos populacionais, sendo aplicado a diversas populações ligadas entre si por uma língua comum de mesmo nome, além de uma mesma história e cultura. O yoruba é um dos mais de 250 idiomas falados na Nigéria e em alguns outros países da África Ocidental, sendo a única falada no sudoeste da Nigéria e no antigo Reino de Queto (Ketu). No Benin atual é chamada de Nagô, nome dado aos Iorubás no Brasil. 

Os grupos étnicos que vivem próximos aos iorubás são os FON, IBO, IGALA e IDOMA. As línguas que se mostraram mais significativas no Brasil foram as do grupo EWE-FON, principalmente a IORUBÁ. É muito ligada à cultura e rituais do candomblé, religião afro-brasileira. Era falada pelos escravos da Bahia, e 90% das palavras provenientes dessa língua são usadas para designar regionalismos, como entidades sobrenaturais, mitos, amuletos, práticas religiosas, pratos, quitutes, comes-e-bebes.  

Vale ressaltar que no final do século XVIII, chegaram à cidade de Salvador, capital do Estado da Bahia, na Região Nordeste do Brasil, escravos procedentes da atual Nigéria, em consequência das guerras Inter-étnicas que lá ocorriam.  O número de nagô-iorubá era tão significativo que o termo nagô na Bahia passou a ser usado indiscriminadamente para designar qualquer indivíduo ou língua de origem africana no Brasil, assinala Yeda Castro, citando o médico baiano Nina Rodrigues, que escreveu sobre a temática.

A maior parte do povo iorubá vive no sudoeste da Nigéria, onde representa um dos maiores grupos étnicos, sendo o iorubá uma das três línguas mais faladas naquele país africano, hoje com mais de 20 milhões de habitantes. Importantes comunidades iorubás vivem também no Benim, Gana, Togo e Costa do Marfim.

b). Quimbundo, língua do grupo BANTU - falada nas demais regiões brasileiras,  
Banto ou Bantu é um termo utilizado para se referir a um tronco linguístico, o qual deu origem a diversas outras línguas semelhantes faladas no Centro e no Sul do continente africano. O termo acabou sendo aproveitado para se referir ao conjunto de 300 a 600 grupos étnicos diferentes que povoam a mesma área. A região bantu compreende um grupo de cerca de 600 línguas muito semelhantes, faladas na África Sub-equatorial ou Subsaariana. Entre elas estão duas línguas angolanas com maior número de falantes no Brasil:  QUIMBUNDO e QUICONGO, esta também falada no Congo.  Segunda Yeda Castro, essas duas línguas antes eram uma só. Elas são muito próximas (semelhantes), a exemplo do português e do espanhol.


O QUIMBUNDO ou KIMBUNDU é o nome de uma língua do grupo bantu, também conhecida por AMBUNDO, nome do povo que fala essa língua em Angola, onde é uma das três línguas oficiais. É falada no noroeste do país por cerca de três milhões de pessoas como primeira ou segunda língua, incluindo a Província de Luanda. O português tem muitos empréstimos léxicos dessa língua obtidos durante a colonização portuguesa em Angola e através dos escravos de lá trazidos para o Brasil. 

As línguas bantu têm presença marcante na África, com cerca de 310 milhões de falantes africanos, a maioria em países da África Subsaariana. A história da sua expansão chamou a atenção de um grupo internacional de cientistas, sendo três portuguesas, que pesquisam o caminho percorrido pelas línguas bantas ao longo dos últimos quatro mil anos. O “roteiro” foi publicado na Revista Science, tendo Angola como cenário decisivo nesse novo mapa.

O IMPÉRIO OYO. COSMOLOGIA AFRICANA

A história dos iorubás é marcada pelo surgimento do Império OYO no final do século XV, que se ergueu com o auxílio dos portugueses interessados no comércio local e na compra de escravos.   Lagos, a mais importante e populosa cidade da Nigéria, localizada em terras iorubás, leva o nome do entreposto que foi construído pelos portugueses no período do tráfico negreiro, e homenageia a cidade do mesmo nome no sul de Portugal. 
Mulheres Iorubá dançando em homenagem  
ao   Orixá Xangô, na Nigéria 

Numerosos reinos de diversos
 tamanhos organizavam-se em torno de um único rei, o OBÁ, que é também o líder religioso, bem como  um Conselho de Chefes.  

As cidades eram muito povoadas.    No século XVII, a cidade de OYO deu origem ao maior dos REINOS
IORUBAS.  
ILE-IFE  tornou-se  uma cidade de forte significado religioso, pois, segundo a  MITOLOGIA IORUBA,  
foi  centro da criação do mundo.

Os iorubas são tradicionalmente os mais hábeis artesãos da África, trabalhando como ferreiros, tecelões ou no artesanato de couro, vidro, marfim e madeira. As mulheres fiam o algodão, fazem cestaria e tingimento de tecidos. A maior parte do povo ioruba vive do cultivo da terra. As mulheres trabalham pouco nas lavouras, mas são elas que controlam o complexo sistema de vendas dos produtos. 

Mapa da África Bantu

Línguas do Oeste da África: Nigéria, Angola, Benin (Benue) 
 e República do  Congo.     Imagem. Por Niger-Congo.svg


Veja como se processaram essas trocas linguísticas, segundo  Yoshino
  (Site  Entretextos):

1- Palavras africanas que foram incorporadas pela língua portuguesa, conservando forma e significados originais: Sambar, xingar, mangar, muamba, tanga, sunga, candomblé,   umbanda,  berimbau, maracutaia, lenga-lenga, forró, capanga, banguela, cachaça, cachimbo, gogó, fubá, jiló, maxixe, mocotó, etc.

2) Palavras que no português tomaram um sentido especial por tradução direta de uma palavra africana: mãe-de-santo (ialorixá); dois-dois (ibêji); despacho (ebó); terreiro (casa de candomblé); 
 “ O velho” = Omolu;                  “flor-do-velho” = pipoca de Omolu.
Foto: Mulheres: danças tradicionais Bantu - Angola
3) Composições híbridas. Palavras que possuem um elemento africano e um ou mais elementos do português: bunda-mole; espada-de-ogum; 
limo-da-costa;  pó- de-pemba; cafundó de Judas, etc.

4) estão incluídos nessa categoria os vocábulos nominais: molecote; molecagem; cachimbada; forrozeiro;
 sambista;  capangada; caçulinha;  dengoso;  bagunceiro, etc.

Hoje, podemos identificar no dicionário brasileiro uma variedade de termos que usamos em nosso dia a dia, sem termos a noção de sua origem africana, mais especificamente do povo bantu, como por exemplo:   Caçamba; cachaça; cachimbo; caçula; candango; canga; capanga; carimbo; caxumba; cochilar; corcunda; dengo; fubá; gibi; macaco; maconha; macumba; marimbondo; miçanga; moleque; quitanda; quitute; tanga; xingar;  banguela; babaca; bunda;  cafofo; cafundó;  cambada;  muquirana;  muvuca.

Significados de algumas palavras originárias do bantu
                                                                                    

BAGUNÇA – desordem, confusa, baderna, remexido.     
BANZÉ – confusão, barulho.   BATUCAR – repetir a mesma coisa insistentemente.   BELELÉU – morrer, sumir, desaparecer. BERIMBAU – arco-musical, instrumento indispensável na capoeira.   BIBOCA – casa, lugar sujo.   BUNDA – nádegas, traseiro.  CACHAÇA-aguardente que se obtém mediante a fermentação e destilação do mel ou barras do melaço.  CACHIMBO- pipo de fumar.   CAÇULA- o mais novo dos filhos ou irmãos. CAFOFO – quarto, recanto privado, lugar reservado com coisas velhas e usadas. CAFUNÉ – ato de coçar, de leve, a cabeça de alguém, dando estalidos com as unhas para provocar o sono.  CALANGO – lagarto maior que lagartixa.   CAMUNDONGO – ratinho caseiro. CANDOMBLÉ – local de adoração e de práticas religiosas afro-brasileiras da Bahia. CANGA – tecido utilizado como saída-de-praia. 
CANGAÇO – o gênero de vida do cangaceiro. CAPANGA – guarda-costas, jagunço.  CAPENGA – manco, coxo.  CARIMBO – selo, sinete, sinal público com que se autenticam os documentos.  CATINGA – cheiro fétido e desagradável do corpo humano, certos animais e comidas deterioradas. 
CHIMPANZÉ – espécie muito conhecida de macaco.    COCHILAR (coxilar) – dormir levemente.  DENDÊ – palmeira ou fruto da palmeira.    
DENGO – choradeira, birra de criança.

FUNGAR – aspirar fortemente com ruído. FUZUÊ – algazarra, barulho, confusão. 
GANGORRA – balanço de crianças, formado por uma tábua pendurada em duas cordas.  JILÓ – fruto do jiloeiro, de sabor amargo.   
MAXIXE - fruto do maxixeiro.  
MACUMBA – denominação genérica para as manifestações religiosas afro-brasileiras.  MANDINGA – bruxaria, ardil, mau-olhado. 
MARIMBONDO – vespa. MINHOCA – verme anelídeo.   MOLEQUE – menino, garoto, rapaz.   MOQUECA – guisado de peixe ou de mariscos, podendo também ser feito de galinha, carne, ovos etc. 
MUCAMA – criada, escrava de estimação, que ajudava nos serviços domésticos e acompanhava sua senhora à rua, em passeios. 
QUIABO – fruto do quiabeiro.  QUILOMBO – povoação de escravos fugidos.  
SENZALA – alojamentos que eram destinados aos escravos no Brasil. SUNGA – calção de criança. TANGA – tapa-sexo. TITICA-fezes, coisa sem valor, excremento de aves.    ZABUMBA – bombo. 

    Conheça outras palavras de origem iorubá


Mulheres em seu cotidiano no atual Benim 

AGBADÁ ou ABADÁ – túnica, casaco folgado e comprido. Na Bahia é usado por integrantes de blocos de carnaval e outras festas, como forte de ser identificados no grupo. 

ACARAJÉ – bolo de feijão fradinho, temperado e moído com camarão seco, sal e cebola, frito com azeite-de-dendê.
ANGU – pirão de farinha de mandioca, de milho ou de arroz temperado com sal e cozido para ser comido com carne.  
ASSENTO – altar das divindades, dentro ou fora do terreiro. 
AXÉ – todo objeto sagrado da divindade; o fundamento, o alicerce mágico do terreiro. BOBÓ – comida feita de uma variedade de feijão, inhame ou banana da terra com camarão e azeite-de-dendê.   ERÊ – um dos estados de transe; espíritos infantis também cultuados pelos iniciados ao lado da divindade a que foram consagrados. EXU – divindade nagô-queto (Keto), capaz de fazer tanto bem quanto mal, tido como mensageiro dos orixás.       
FÉ – gostar de, querer.     JABÁ – carne seca, charque.
LELÉ – maluco, adoidado; ingênuo, indolente, simplório.
ORIXÁ – designação genérica das divindades do panteon iorubá ou nagô-queto. Divindades.
Adaptado de: A influência das línguas africanas no português do Brasil, além de outras fontes  pesquisadas  -   http://www.usp.br/cje/entretextos/exibir.php?texto_id=90

Festival Nacional do Voodoo, no Benin,  comemorado todo dia 10 de janeiro,
 nas cidades de Ouidah e Grand Popo. Imagem

Festival Nacional do Voodoo, no Benin,  comemorado todo dia 10 de janeiro,
 nas cidades de Ouidah e Grand Popo. Imagem 

O  Voodoo (Vodú) é uma antiga religião  praticada no Benin, pequeno país situado no litoral da África Ocidental, entre o Togo e a Nigéria. Milhões de Seres Humanos do Benin e outras regiões da África foram transportados compulsoriamente em navios escravos para a América, sob condições desumanas e brutais. Aqueles que sobreviveram à Diáspora Africana foram despojados de sua língua, seus nomes de origem africana, sua cultura, seu patrimônio e senso de comunidade.

Parte do passado sobreviveu ao adaptar-se às novas condições de vida, a exemplo da religião Vodú, praticada no Benin. Os africanos escravizados transplantaram as práticas do Voodoo no Caribe, Brasil e algumas comunidades nos Estados Unidos.  Profundamente entrelaçada com a História do pequeno país, praticada em segredo nos difíceis tempos da Diáspora Africana na América, os adeptos do Vodú eram punidos com prisão ou morte, acusados de prática de bruxarias, feitiçarias e religião demoníaca.  Apesar disso, o Voodoo continua vivo no século 21.  Pessoas de ascendência africana fazem peregrinações para as cidades de Ouidah e Grand Popo, no Benin, na tentativa de reconciliar passado e presente.
MAPA  POLÍTICO  DO  BENIM   ATUAL   E   SEUS    LIMITES  

Benin. Sua capital é Porto Novo. Limites:  Ao Norte - Burkina-Faso e Níger;
ao Sul - Oceano Atlântico (Golfo da Guiné); a Leste: Nigéria; a Oeste: Togo e Gana



Amplie seus conhecimentos. Veja também: 


A Carta de Pero Vaz de Caminha Certidão de Nascimento do Brasil. Valor histórico (análise sociológica) e literário (quinhentismo). Trechos da Carta. Músicas Pindorama e Tu Tu Tu Tupi. Alimentos indígenas e portugueses. Atividades


Blog Loucos por Tecnologias (tudo no plural)
Blog Saberes da África 

Projeto multidisciplinar: “Minha pátria é a língua portuguesa”. Origem do português. A Lusofonia. Datas que Homenageiam a Língua Portuguesa


Línguas Africanas no Brasil 

Ora pois, uma língua bem brasileira 

http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/04/08/ora-pois-uma-lingua-bem-brasileira/

Pesquisa investiga origens e particularidades do português falado no Brasil | 24.04.2015

José Tadeu Arantes. Portugal porta adentro: Lisboa no século 16. Agência FAPESP. 01 de agosto de 2016. Disponível em: 
Castro, Yeda Pessoa. Influência das  línguas  africanas no  português  brasileiro. 
Portal Educação. Salvador     
Scarrone, Marcello. Nossa língua africana. Entrevista com a professora Yeda Pessoa de Castro. 
Portal Vermelho.  9 de junho de 2015. Disponível em:
 http://www.vermelho.org.br/noticia/265993-11                  Acesso em 29/09/17
A influência das línguas africanas no português do Brasil
Por Entretextos - cje@usp.br - Publicado em 01/08/2009
Trabalho de Julia T. Yoshino, Luciana Soga, Marília Reis e Raquel Nakasche. Disponível em:
Línguas Africanas no Brasil 
Todas as imagens são do Google



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poste seu comentário sem palavrões ou ofensas. Obrigada